quarta-feira, 4 de julho de 2012

Minha oração preferida...


Nada te perturbe. Nada te espante.
Tudo passa, Deus não muda.
A paciência tudo alcança;
Quem a Deus tem, nada lhe falta:
Só Deus basta.

Eleva o pensamento...
Ao céu sobe.
Por nada te angusties. Nada te perturbe.
A Jesus Cristo segue com grande entrega...
E venha o que vier, nada te espante.

Vês a glória do mundo? É glória vã;
Nada tem de estável.
Tudo passa.

Deseje às coisas celestes que sempre duram;
Fiel e rico em promessas,
Deus não muda.
Ama-o como merece,
Bondade Imensa;

Quem a Deus tem, mesmo que passe por momentos difíceis;
Sendo Deus o seu tesouro, nada lhe falta.

Só Deus basta!



quarta-feira, 21 de julho de 2010

PARA SEMPRE...

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?

Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade

Hoje, se pudesse acrescentaria...
Por que Deus permite que os pequenos, os indefesos, os que nos esperam de braços abertos, os ingênuos embora já crescidos, os que  chamam nossas amigas de "tia",  abraçam e beijam estalado...  Meu Deus, como permites que uma mãe vele o corpo sem vida de seu filho?
Mães são eternas.  
Se eternizam no amor que sentem, na doação gratuita que expadem.
E se fosse eu, rainha do mundo baixaria uma lei:
Os filhos seriam para sempre nossos, nada de mal aconteceria a eles.
Muitas bençãos, nenhum perigo.
Nenhum pai, nenhuma madrasta atirariam um anjo pela janela.
Nenhum adolescente dormiria ao volante.
Nenhum garoto adoeceria, partiria assim com roupas jogadas, sapatos para serem calçados, planos a serem executados e assim não existiriam mães desoladas, despedaçadas, atropeladas por uma dor imensurável...
No meu reinado os filhos seriam amados, beijados, encaminhados para o caminho do bem e assim, e acredito que somente assim, não veríamos também corpos devorados por cachorros nem moças mutiladas por tesouras operadas por delinquentes.
Infelizmente, conheci duas amigas que perderam filhos, me estarreci com o crime da Daniela Perez e agora com a revoltante morte do filho da Cissa Guimarães.
Nunca perdi nenhuma (Deus me Livre!), mas quem é mãe sabe, imagina, compadece por este fato avesso da nossa história.
Lamento muito, lamento profundamente porque concordo que mãe deve ficar para sempre junto de seu filho, e ele mesmo velho, aos nossos olhos será sempre feito um grão de milho, pequeno e nosso!



sexta-feira, 9 de julho de 2010

QUATRO ESTACÕES

A noite cai, o frio desce
Mas aqui dentro predomina esse amor que me aquece
Protege da solidão


A noite cai, a chuva traz
O medo e aflição mas é o amor que está aqui dentro
Que acalma meu coração

Passa o inverno, chega o verão
O calor aquece minha emoção
Não pelo clima da estação
Mas pelo fogo dessa paixão

Na primavera, calmaria
Tranqüilidade, uma quimera
Queria sempre essa alegria
Viver sonhando, quem me dera

No outono é sempre igual
As folhas caem no quintal
Só não cai o meu amor
Pois não tem jeito, é imortal
No outono é sempre igual
As folhas caem no quintal
Só não cai o meu amor
Pois não tem jeito não
É imortal


No inicio deste ano, Lívia e Gabriella foram estudar em Fortaleza e essa cancão me emocionava tanto...  Os versos cantados em voz alta, com lágrimas escorrendo pelo rosto e o peito tao doído , fez-me compreender com muita dificuldade que esse grande amor me aquece, me faz e fará companhia para sempre. 

Mas, em meio a esta angústia, que mãe não ficaria orgulhosa em ver suas filhas trilhando o caminho do futuro, tornando-se independentes e cheias de amigas?  Bom, eu fico.  Na verdade, eu vibro!
Continuo ativa em suas vidas, continuo aconselhando, ensinando, indo todos os finais de semana (é saudade demais), mas estão lá e eu aqui... Isso mesmo, elas em mim e eu nelas! 





PENSAR E TRANSGREDIR

Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos — para não morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos.
Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido.
Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo.
Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência: isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui. Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante: "Parar pra pensar, nem pensar!"
O problema é que quando menos se espera ele chega, o sorrateiro pensamento que nos faz parar. Pode ser no meio do shopping, no trânsito, na frente da tevê ou do computador. Simplesmente escovando os dentes. Ou na hora da droga, do sexo sem afeto, do desafeto, do rancor, da lamúria, da hesitação e da resignação.
Sem ter programado, a gente pára pra pensar.
Pode ser um susto: como espiar de um berçário confortável para um corredor com mil possibilidades. Cada porta, uma escolha. Muitas vão se abrir para um nada ou para algum absurdo. Outras, para um jardim de promessas. Alguma, para a noite além da cerca. Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar: reavaliar-se.
Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto.
Somos demasiado frívolos: buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado a outro achando que somos grandes cumpridores de tarefas. Quando o primeiro dever seria de vez em quando parar e analisar: quem a gente é, o que fazemos com a nossa vida, o tempo, os amores. E com as obrigações também, é claro, pois não temos sempre cinco anos de idade, quando a prioridade absoluta é dormir abraçado no urso de pelúcia e prosseguir, no sono, o sonho que afinal nessa idade ainda é a vida.
Mas pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no espelho: é sair para as varandas de si mesmo e olhar em torno, e quem sabe finalmente respirar.
Compreender: somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual. É o poderoso ciclo da existência. Nele todos os desastres e toda a beleza têm significado como fases de um processo.
Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o dos possíveis ganhos.
Os ganhos ou os danos dependem da perspectiva e possibilidades de quem vai tecendo a sua história. O mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem.
Viver, como talvez morrer, é recriar-se: a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada. Muitas vezes, ousada.
Parece fácil: "escrever a respeito das coisas é fácil", já me disseram. Eu sei. Mas não é preciso realizar nada de espetacular, nem desejar nada excepcional. Não é preciso nem mesmo ser brilhante, importante, admirado.
Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer esperança.
Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade.
Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for.
E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer.


Lya Luft

terça-feira, 6 de julho de 2010

Preciosa - Uma História de Esperança


Preciosa – Uma História de Esperança

 Se você acha que a vida é injusta só porque aquele namorico da praia não subiu a serra ou porque engordou uns quilinhos durante as festas de fim de ano, ou seja, se é por frescura, veja Preciosa - Uma História de Esperança (Precious: Based on the Book "Push" by Sapphire, 2009). Em menos de 10 minutos de filme você vai entender que os seus problemas não são nada perto do que realmente sofrem algumas pessoas mundo afora.
Tentando revelar o mínimo possível do que é a vida da protagonista Claireece Preciosa Jones (Gabourey Sidibe), é bom você entrar no cinema sabendo que ela é obesa, negra, mora no Harlem de Nova York durante os anos 80 e sofre com tudo isso e por muitos outros motivos que ela nem sabe por quê. E, claro, esses abusos têm suas consequências, como a falta de auto-estima que a faz se esconder do mundo e encobrir, por exemplo, o fato de não saber ler ou escrever.
O nome do meio, Preciosa, é a prova maior da ironia. Sua mãe (Mo'Nique), que não se cansa de tratá-la mal física e verbalmente, vive do auxílio desemprego e a pensão que deveria ser usada para cuidar da sua primeira neta. E esse "conforto" (com muitas aspas) agora também está sob risco, o que coloca a protagonista ainda mais na mira da sua megera matriarca. Tudo porque Preciosa está grávida de novo e, por motivos que é melhor nem comentar aqui, é convidada a ir para uma escola especial.
A menina se protege do mundo exterior de cara fechada, sem cruzar olhares com ninguém, tentando ser o mais invisível possível. Seu único refúgio são pequenos devaneios, geralmente sonhando com a possibilidade de ter um namorado branco e endinheirado e viver entre o glamour e o amor que faltam na sua realidade. Quem começa a mudar isso é sua nova professora, Sra. Blu Rain (Paula Patton), que com muita paciência vai ensinando Preciosa e suas colegas muito mais do que colocar as letras em ordem para ler e escrever.
Mas não ache que o longa vai cair no lugar-comum da professora que vai levar suas alunas a enxergar que estão desperdiçando suas vidas e colocá-las na linha. O papel da Sra. Rain é o de ensinar a Preciosa a exteriorar seus sentimentos, o que vai ajudá-la a exorcizar alguns de seus demônios. Tudo o que ela antes guardava para si, passa para as páginas do seu diário.
Tecnicamente, o diretor Lee Daniels opta por uma câmera na mão, que dá lugar a algo mais clássico apenas nas cenas em que Preciosa está sonhando. Mas tudo isso passa a ser perfumaria perto das atuações irretocáveis de todos os envolvidos. Você vai sentir na pele o que Preciosa sofre e ficar com muita raiva de sua mãe. Se emocionar, sofrer, sorrir e chorar. Muito!
Seja para acompanhar as já premiadas atuações, para tomar uma porrada da dura realidade de algumas pessoas ou simplesmente para comparar os seus problemas com o de outras pessoas, vá ver Preciosa - Uma História de Esperança. Mas leve uma caixinha de lenços de papel e óculos escuros para a saída do cinema. Essa frescura, tudo bem.

PARA MINHA GABRIELLA...

Gabriella,

Parece que ainda escuto e te vejo babando e conversando muito...
Parece que foi ontem que você me viu pela primeira vez, foi um olhar tipo: É ela!!! Essa é minha mãe!!! Depois, começou a falar e tudo era muito engraçado... O papai era chamado de mamãe, a mamãe de papai, tudo, tudo mesmo que você ganhava, dizia logo que tinha sido eu que tinha dado, a Lívia era Uivia, acende era apaga... O lobo mau tinha que ficar amigo da vovó, a madrasta da branca de neve terminava morando com os anões, enfim era tudo um verdadeiro país das maravilhas!!!
Sei que durante seus quinze anos, mandei muito, briguei, reclamei, mas tenho a plena certeza que até as coisas chatas e ruins faz o nosso amor crescer cada dia que passa.
E se eu pudesse fazer três pedidos aos céus, é claro que como todas as mães do mundo, eu pediria por vocês.
Tenho consciência que sofrimentos ensinam, mas desejo de mãe é meio sem lógica mesmo, então desejaria que você e Lívia fossem felizes todos os dias.
E assim eu seria infinitamente feliz também.
E se eu tivesse direito a pedidos, iria pedir os mais fantásticos como paz, justiça, educação, gentileza, amor, estrelas, fadas, duendes, vaga-lumes iluminando seu quarto... Você não sofreria nunca. Por coisa alguma. Ainda que fosse necessário. Mesmo que fosse para um ensinamento.
Pediria só flores sem espinhos...
Mas, infelizmente não tenho este poder.
Portanto, apesar de repetir frases que você até fala antes de mim, juro que ainda conseguirei só abençoar...
Abençoá-la sempre, pedir e confiar em Deus.
E olhe que Deus sabe o quanto isso é difícil para mim...
Prometa-me apenas seguir seus passos, seguir os seus caminhos do seu jeito, da melhor forma.

Prometa-me risos. Muitos mais que risos...
Prometa-me gargalhadas!!!
Abra os braços para os grandes amigos, para os grandes amores.
Aceite aquilo que vier na sua vida. Lembre que aceitar não é resignar, engolir ou ser subserviente.
Aceitar é ter coragem para mudar o que pode ser mudado, ter sabedoria para conviver com o que não pode ser mudado e ter discernimento para distinguir uma coisa da outra.
Aceitar é receber a vida de braços abertos, pois só em peito aberto os sentimentos têm livre acesso.
Vá em frente. Não tenha medo. Estarei sempre atrás de você para ampará-la.
Nunca ocupe o lugar  de vítima.
Aproveite cada passo do seu caminho sem se preocupar com aquele possível resultado, porque esta é a melhor forma de chegar a algum lugar.
E, quando um dia algo parecer sem solução, lembre de Santa Teresa do Menino Jesus: “Tudo é graça”. É que bênçãos às vezes gostam de se disfarçar de tragédia para enganar a gente.
Você sabe, mas é sempre bom repetir:
Eu te amo. Te amo, te amo, te amo!
Amo tanto que até dói, que até alegra, que até me faz levantar, lembrar das suas travessuras e viver sorrindo.
Sempre estarei em você e você em mim.
Parabéns!!!
Aproveite bastante seus 15, 16,17 anos...
Beijo,

Mammy.
26/03/2008

PARA MINHA LÍVIA...

No território dos meus desejos sempre pedi e sonhei com minhas filhas, Lívia e Gabriella.

Hoje, especialmente por ocasião dos seus quinze anos, quero dizer à todos vocês queridos amigos e familiares que agradeço à Deus todos os dias por sua existência.
Sempre quis tê-la em meus braços e falar das marés e da lua cheia, te contar dos homens e de suas invenções, te ensinar a andar, ler, cantar e principalmente viver sem preconceitos e de maneira ativa com a sociedade.
Aprendi cantigas de ninar para que seu sono fosse tranqüilo, li histórias de fadas e de heróis para que seu despertar fosse mágico. No Natal esperávamos o Papai Noel e na Páscoa procurávamos juntas os ovinhos deixados pelos coelhos.
Fiz o que pude e ainda tento fazer o máximo para deixar o seu dia mais colorido, queria até ter o poder de te proteger das dores e decepções da vida, mas isto infelizmente foge do meu controle e só posso te abençoar e confiar em Deus os seus passos.
Só te peço uma coisa:
Se algum dia a tristeza tentar escurecer seu semblante, sempre que a aflição fizer seu coração apertar, mesmo distante de mim, fique apenas em silêncio...
Você vai escutar um rumor surdo e contínuo que te faz companhia aí dentro... Esta é a batida do meu coração. Ele continuará pulsando em ti, até quando tiveres partido em busca dos seus sonhos coloridos. Com este som sempre me reconhecerás e nunca estarás sozinha.


Esta é a nossa senha.
Estaremos sempre juntas.
Além da vida.
Além do que qualquer pessoa possa explicar.
Afinal, somos prova de um grande encontro.
Encontro ainda maior que de mãe e filha.
Encontro de duas amigas em perfeita sintonia.
Então se este dia cinzento aparecer, aquiete-se e escute este nosso ruído, então ouvirás novamente tudo que te disse agora e eu te acalantarei como sempre fiz até hoje.


Deus te cubra de graças.
Nossa Senhora te abençoe.
Amo-te infinitamente.
Feliz Aniversário.